quinta-feira, 13 de junho de 2013

Biografia de Victor Hugo - 7º ano

Victor Hugo

Quem foi Victor Hugo, nome completo, nascimento e morte, escritor, Romantismo, frases, obras, estilo literário
Victor Hugo, escritor romântico

Victor Hugo: o principal escritor do romantismo francês


Nome Completo 
Victor Marie Hugo
Quem foi
Victor Hugo foi um importante escritor romântico francês do século XIX. Foi também dramaturgo, poeta e político. Foi eleito membro da Assembleia Francesa. Em suas obras abordou, principalmente, questões políticas e sociais. É considerado o principal representante do romantismo francês. 
Nascimento
Victor Hugo nasceu na cidade de Besançon (França) em 26 de fevereiro de 1802.
Morte
Victor Hugo morreu aos 83 anos na cidade de Paris (França) em 22 de maio de 1885.
Estilo literário
Abordagem de temas políticos e sociais;
- Criatividade e imaginação;
- Consciência social;
- Posição progressista e reformista. 
Principais obras
Romances
- Han d'islande - 1823
- O cordunda de Notre- Dame - 
1831
- Os miseráveis - 
1862
- Os trabalhadores do mar - 
1866
- O homem que ri - 
1869
- Noventa e três -
1874
Peças teatrais
- Cromwell - 1827
- Hernani - 
1830
- Ruy Blas - 
1838
- Torquemada - 
1882
Poesia
- As vozes internas - 1837
- Les Châtiments - 
1853
- O ano terrível - 
1872
- La Légende des siècles - 
1859 - 1883
Frases
- "O mar abre parenteses, o casamento o fecha."
- "A esperança seria a maior das forças humanas, se não houvesse o desespero."
- "Os infelizes são ingratos; isso faz parte da infelicidade deles."
- "Vivem somente os que lutam."

Victor Hugo (1802-1885) nasceu em Besançon, França, no dia 26 de fevereiro de 1802. Filho do Conde Joseph Léopold-Sigisberto Hugo, general de Napoleão, e Sophie Trebuchet. Victor Hugo passou quase toda a sua infância fora da França, viagens constantes faziam parte da vida do General Hugo. Esteve na Espanha e na Itália, junto com a mãe e os irmãos Abel e Eugène.
De 1814 a 1816, faz seus estudos preparatórios no Liceu Louis le Grand. Nessa época seus cadernos ficavam repletos de versos. Com 14 anos lia os livros de René Chateaubriand, iniciador do Romantismo francês. Dizia "Quero ser Chateaubriand ou nada". Em 1818, chama a atenção da Academia Francesa com seu livro "Vantagens do Estudo".
Em 1819, recebe o "Lírio de Ouro", premio máximo da Academia de Jogos Florais de Toulouse, por uma ode ao restabelecimento da estátua de Henrique IV, derrubada na Revolução. Nesse mesmo ano funda, junto com os irmãos, a revista "O Conservador Literário". O primeiro ensaio publicado foi "Ode ao Gênio", tributo prestado a seu ídolo. Com quinze meses de vida a revista havia publicado mais de cem artigos entre política e crítica literária, teatral e artística.
Em 1822, casa com Adèle Foucher, amiga de infância. Publica sua primeira antologia poética "Odes e Poesias Diversas". A partir de 1824 nasce um filho a cada dois anos: Léopoldine, Charles, François Victor e Adèle. Escreve os poemas "Ode e Baladas, Orientais", os romances "Han de Islândia" e "O Último Dia de um Condenado", as peças teatrais "Cromwell" e "Marion Delorme", artigos em jornais e revistas.
Entre 1831 e 1843 escreve "Lucrécia Borgia", "Maria Tudor", a peça teatral "Notre-Dame de Paris", também conhecida como "O Corcunda de Notre-Dame", os romances "Folhas de Outono", "Cantos do Crepúsculo", entre outros. Separa-se de Adèle e passa a viver com a atriz Juliette Drouet, que foi sua companheira inseparável.
Em 1841, já celebre e rico, é eleito para a Academia Francesa, frequenta a corte das Tulherias e torna-se membro do Senado. Em 1848, preocupado com a miséria do povo, funda o jornal "O Acontecimento", em que os filhos François e Charles são também redatores. Escreve artigos nos quais defende a candidatura do príncipe Luís Napoleão para a presidência da República. Eleito, Napoleão III viola a Constituição. Desiludido, Victor Hugo não aceita a política adotada por quem ajudara a eleger.
Victor Hugo é perseguido ao tentar organizar a resistência à ditadura de Napoleão III. Se refugia em Bruxelas e só retorna depois de dezoito anos, com a queda do Império. Nessa época escreve "Os Miseráveis", "As Contemplações" e o "Homem que Ri". Em Paris é eleito deputado e se torna presidente da ala esquerda da Assembléia Nacional. Em 1876, é eleito Senador. Em 1883, morre Juliette Drouet e dois anos depois o morre o "Leão", como era chamado, por seu espírito combativo.
Victor Marie Hugo morre em Paris, no dia 22 de maio de 1885. Em seu testamento deixa cinquenta mil francos aos pobres e pede preces de todas as almas.

Gramática :Oração Subordinada Substantiva - Exercícios- 9º ano

Gramática : Oração Subordinada Substantiva 

Diga se as frases estão certas ou erradas: 




1. Em "O importante é que todos estejam aqui bem cedo" e "É importante que todos estejam aqui bem cedo", as orações destacadas funcionam como subordinadas substantivas subjetivas.
 Certa
Errada

2.
Em "Todos nos pediram que trouxéssemos as crianças também", a oração destacada classifica-se como subordinada substantiva objetiva direta.
 Certa
Errada 

3. Das frases "Ele falou: eu o odeio"; "Não preciso de você: sei viver sozinho"; "Sabendo que havia um grande estoque de roupas na loja, quis ir vê-las: era doida por vestidos novos"; "Fez três tentativas, aliás, quatro. Nada conseguiu" e "Havia apenas um meio de salvá-la: falar a verdade" há somente uma oração subordinada substantiva apositiva.
 Certa
Errada 

4. 
Em "Nunca me esqueci de que você me traíra" e "Tenho aversão a que me critiquem", a primeira oração destacada denomina-se subordinada substantiva objetiva indireta, e a segunda, completiva nominal.
 Certa
Errada 

5. Dos períodos "A grande falha da República é suprimir a corte, mantendo os cortesãos" e "É preciso que o autor receba com igual modéstia os elogios e as críticas que fazem de suas obras", ambas as frases destacadas são subordinadas substantivas.
 Certa
Errada 

6. Em "O orador encareceu a necessidade de sermos amantes da paz", a oração destacada é subordinada substantiva objetiva indireta.
 Certa
Errada 

7. Em "O maior dos mandamentos é este: amar o próximo", a oração em destaque classifica-se como substantiva apositiva.
 Certa
Errada 

8. Em "O homem que não comete erros geralmente nada faz", a oração em destaque classifica-se como subordinada substantiva predicativa.
 Certa
Errada 

9. A oração subordinada substantiva subjetiva e a subordinada substantiva predicativa só existem em estruturas oracionais com verbos de ligação.
 Certa
Errada 

10. A oração subordinada substantiva objetiva indireta e a subordinada substantiva completiva nominal são sempre iniciadas por preposição.
 Certa
Errada

O MOVIMENTO IMIGRATÓRIO PARA O BRASIL NO SÉCULO XXI - 9º ano/ redação

"O Brasil tem recebido muitos sul-americanos, como bolivianos, paraguaios, uruguaios e até argentinos, que chegam ao nosso país em busca de melhores condições de trabalho. Temos também uma grande presença de haitianos que começaram no Acre e em Manaus e hoje estão em São Paulo."


Cerca de 500 haitianos entraram no Acre entre Natal e Ano Novo, segundo Secretária de Justiça e Direitos Humanos do estado (Foto: Divulgação/Gleisson Miranda/Secom-Acre)












Há cem anos da morte do Bem‐aventurado João Batista Scalabrini, a migração tornou‐se
um fenômeno planetário, que envolve com partida, trânsito ou chegada todos os países do
mundo. Em nível global, 214 milhões de pessoas vivem fora do próprio país de origem. Entre elas,
estão incluídos 15,2milhões de refugiados e 983.000 requerentes de asilo.
Acrescenta‐se, a este movimento internacional, o número de 27,1 milhões de desplazados,
forçados a fugir de uma região a outra, dentro de seu país, e o incalculável número de migrantes
internos, que se deslocam, especialmente das zonas rurais, rumo à periferia das imensas
megalópoles.
A migração é feita de muitos números e estatísticas que crescem sempre mais, mas,
principalmente, é feita de rostos, histórias, esperanças e de muitos “porquês?”, que remetem aos
dramas atuais da humanidade.Na era da globalização, a economia visa cada vez mais a transpor as
fronteiras de cada país: as forças econômicas, livres de qualquer vínculo aplicado pelas políticas
dos estados nacionais, agem autonomamente. A atual ordem econômica global não deixa
vislumbrar um futuro de maior justiça, democracia e distribuição dos bens. Ao passo que se
difunde no mundo inteiro uma única cultura niveladora, que coloca ao centro o lucro e a lei do
mercado, afirmam‐se novas ideologias totalitárias, que se alimentam dos fundamentalismos
religiosos e do retorno fanático sobre as própriasraízes étnicas.
O atual e crescente estímulo a emigrar, portanto, tem como causa: o aumento da
desigualdade social e econômica entre oNorte e o Sul do mundo; a falta de perspectiva no âmbito
da formação e do trabalho para muitos jovens; as catástrofes naturais e ecológicas; o desequilíbrio
demográfico entre os diversos continentes; as guerras; a perseguição política, étnica e religiosa; o
terrorismo; a violação dos direitos humanos. Se fortes são os fatores de expulsão,também exercem a mesma força os fatores de atração despertando em muitos o sonho de partir: a difusão, através dos meios de comunicação, do modelo de sociedade do bem‐estar social ocidental; o chamado dos compatriotas que já
emigraram; o recrutamento das organizações do tráfico humano.
Simultaneamente, a competição internacional em vista da admissão de técnicos e profissionais de alto nível, dá origem às migrações qualificadas (fugas de cérebros), que empobrecem os países de origem de pessoal necessário para o progresso econômico e social. A humanidade parece dividida em duas categorias: as novas elites supranacionais dos viajantes, que podem alcançar todos os lugares sem prestar atenção a fronteiras e confins, e a grande parte das pessoas, que, ao deslocar‐se, fazem‐no apenas para sobreviver, arriscando a vida para ultrapassar fronteiras, ou ao invés, permanecendo ancoradas a um território, e até mesmo, dentro de espaços delimitados como os campos de refugiados. Com efeito, a liberdade de movimento que hoje vale para os bens financeiros, os produtos e os serviços, não é universalmente reconhecida para as pessoas.
Em toda parte do mundo, a insegurança gera nas populações locais o medo em relação aos
migrantes, e leva os governos a elaborarem leis sempre mais restritivas em relação a eles.
Como consequência, assiste‐se ao aumento dos clandestinos (de 2,5 a 4 milhões ao ano).
Atualmente, a imigração irregular é, neste sentido, um fenômeno estrutural em todas as regiões
do mundo. Disso, especialmente, tiram vantagem as organizações internacionais do tráfico
humano, enquanto quem paga as conseqüências da travessia ilegal das fronteiras são os
imigrantes e refugiados, às vezes, coma própria vida.
Ainda mais desumano é, assim chamado, o “tráfico de pessoas”, que alicia milhares de
mulheres e crianças a cada ano, obrigadas à prostituição ou ao trabalho servil, em condições de
verdadeira escravidão.
Também João Batista Scalabrini viu os dramas de seu tempo: uma época de grandes
transformações entre a segunda metade do século XIX e o início do século XX. Milhares e milhares
de italianos, e outros europeus, deixavam, então, o seu país por causa da pobreza e iam ao
encontro das incertezas e dos sofrimentos da migração. João Batista Scalabrini poderia ter se
limitado à compaixão por tão grande dor, mas ao contrário, fez‐se a pergunta: “Como intervir?”
Assumiu a responsabilidade pelos migrantes que via, agindo em favor deles em muitos níveis.
Mas, não só agiu.Juntamente às ações concretas, ele amadureceu uma visão profética que deixou
como herança a toda a Igreja, e que alcança tambéma nós, hoje. Ele percebeu que, no sofrimento
da emigração, com todos os problemas e dificuldades que esta traz consigo, esconde‐se algo de
positivo, um germe de futuro. Esta visão não nasce somente de considerações históricas e
sociológicas. É, principalmente, graças à fé na morte e ressurreição de Cristo, que ele vê o plano
de Deus operando na história humana. É convicto que, exatamente através do sofrimento e
desenraizamento dos migrantes, através do encontro, e às vezes, do desencontro entre culturas e
mentalidades, está se preparando um mundo novo, no qual pessoas e povos se descobrem entre
eles pertencentes à única família da humanidade, dentro da qual não reina a uniformidade, mas é
possível viver a comunhão entre as diversidades, à imagem do Deus Trindade.
O mundo da mobilidade humana tornou‐se hoje, talvez, ainda mais complexo e atinge
todos: migrantes e autóctones. A emigração representa um componente importante da crescente
interdependência entre todas as nações. Também por causa dos movimentos migratórios, resulta
evidente que todos os homens “viajam sobre um único navio”, isto é, vivem em um único mundo.
O nosso destino está cada vez mais ligado ao destino de todos. As intuições de João Batista
Scalabrini permanecem, portanto, muito atuais, e motivam a Família Scalabriniana a empenhar‐se
pela convivência construtiva entre as diversidades no interior da sociedade, para uma autêntica
comunhão na Igreja e para a promoção da justiça e da paz no mundo.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Lisbon Revisited (1923) - Modernismo - Álvaro de Campos

LISBON REVISITED (1923)

Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafisica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) ­
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!

Ó céu azul ­ o mesmo da minha infância ­,
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!

Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!



                                                                 Fernando Pessoa. Obra poética R. de Janeiro. Nova Aguiar 1986.


Modernismo - A poesia de Fernando Pessoa


Capa do 1º exemplar da revista Orpheu
1º Tempo Modernista em Portugal


Nota importante: Observe que do ponto de vista formal, características modernistas estão presentes no poema: versos livres de estrofes heterogêneas e de uma linguagem coloquial, próxima da fala.

Desde a primeira estrofe, o sujeito poético imprime um tom exasperado, irritado, ao seu discurso, que se caracteriza fundamentalmente pela negação: as conclusões, as estéticas, a moral , a metafísica, os sistemas completos das ciências, das artes e da civilização moderna, a verdade. O verso – Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!), mostra com maior clareza a postura irônica do sujeito poético perante os valores por ele negados.

A modernidade caracteriza-se pela fragmentação do ser humano – a perda de sentimento de “ser inteiro”, advinda da relativização das certezas, da multiplicidade de opções, da falta de parâmetros para a escolha do que fazer, do melhor caminho a seguir. Na sexta estrofe o sujeito poético se autodefine como um técnico e, ao mesmo tempo, como um “doido”. Percebemos a cisão entre racionalidade, técnica e irracionalidade e loucura. Nesse sentido, ele exemplifica a fragmentação do homem moderno. A ironia está presente quanto ao modo de vida burguês, com suas instituições, comportamentos rotineiros, como pagar impostos, o apego a futilidades, o seu desajustamento em relação ao mundo em que vive. Observe no verso: Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?.

O sujeito poético também se apóia na morte e na solidão para renegar esses valores do mundo, revelando sua marginalidade, seu desajustamento em relação a vida.

Pelo nervosismo e perturbação do sujeito poético, podemos considerar neurótica sua postura perante o mundo e as pessoas, partindo da leitura da oitava e nona estrofes, pois nelas o sujeito poético expressa o máximo da exasperação perante as pressões para ajustar, compactuar com valores do mundo moderno.

Comentário


Fernando Pessoa
Leitura complementar:
Biografia de Fernando Pessoa
Biografia de Álvaro de Campos
Biografia de Alberto Caeiro
Álvaro de Campos não é um poeta de “carne e osso”, mas um heterônimo - um “outro” eu poético – de Fernando Pessoa, o mais importante representante do Modernismo português e um dos grandes poetas do século XX.

Fernando Pessoa criou vários heterônimos. Além de Álvaro de Campos, os mais conhecidos são Alberto Caeiro e Ricardo Reis.

O fenômeno da heteronímia – a capacidade de multiplicar-se, de desdobrar-se em poetas imaginários – constitui a característica mais destacada de Fernando Pessoa, esse “multiplicador de eus” que tomamos como ponto de partida para estudar o movimento modernista português.

Como você viu no poema analisado, Álvaro de Campos é o heterônimo futurista de Fernando Pessoa. Ele encarna o homem moderno, com suas neuroses e obsessões, sua consciência de ser fragmentado e de viver num mundo cujos valores abomina.

Para conhecer o universo político-cultural português do início do século, compreender como nasceu e como se desenvolveu o Modernismo no país, quais eram seus principais elementos, quem eram e o que produziram seus mais importantes representantes – entre os quais Fernando Pessoa, poeta que simboliza e sintetiza algumas das questões fundamentais do mundo moderno, em termos artísticos e filosófico, leia: Revista Orpheu | 1º Tempo Modernista Português - Geração Orpheu



Análise do poema

É frequente dizer-se que: “Quanto mais se sobe mais alta será a queda”, pois bem, em Álvaro de Campos podemos observar nitidamente essa queda drástica que ocorre na terceira fase da sua obra. Em clima de loucura excessiva e visão exageradamente figurada e futurista.
“Lisbon Revisited (1923)”, assim se intitula o poema de Álvaro de campos que seguidamente analisado para tentar perceber quais as características desta fase do sujeito poético. Registe-se que é inevitável a comparação com os restantes heterônimos de Pessoa e, essencialmente, com o ortônimo.

Num misto de negatividade onde se encontra mais especificamente a recusa, revolta, loucura mas também a nostalgia (na parte final), o sujeito poético apresenta-nos “Lisbon Revisited (1923)” como parte extremamente clara de demonstração de solidão e desespero.
À excepção das duas últimas estrofes, o poema em questão é repleto de frustração e sentimento de mágoa. O sujeito poético começa por recusar tudo e todos à sua volta como se estas coisas e seres fossem a razão do seu estado de solidão e decadência. O poeta chega mesmo a resumir a sua recusa ao generalizar o seu desejo (“Não: Não quero nada.”), verso este que faz questão de dar ênfase repetindo a mesma ideia no verso logo a seguir (“Já disse que não quero nada.”), e mesmo no decorrer de todo o poema expressando-se sempre com revolta e angústia.
Recusa tudo que se mostre como conclusivo e alega que a única certeza é morrer (“Não me venham com conclusões! A única conclusão é morrer.”). Nesta parte podemos encontrar, além da solidão e tristeza características do ortônimo  uma semelhança a Ricardo Reis que focava diversas vezes a fugacidade da vida e o inevitável fim de todos, a morte.
O sujeito poético não quer saber de regras nem ideais de conduta ou moral a seguir. Quando na segunda fase o poeta aclamava com odes a evolução da ciência e o avanço num modernismo exageradamente futurista, na fase em questão (a terceira fase) rejeita a civilização moderna. Com toda esta “alergia” ao que observa, tenta encontrar razões de culpa ou de ilibação a estes factos questionando-se (“Que mal fiz eu aos deuses todos?”).
Com este poema, o sujeito poético recusa-se a encarar a verdade (“Se têm a verdade, guardem-na!”). Quer, sem dúvida, marcar pela diferença e distingue-se em atitudes de loucura através de palavras e pensamentos muito controversos que, são expressados com tanta convicção e firmeza que nos faz parecer que o poeta é quase consciente do seu estado de desespero e loucura (“Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo. Com todo o direito a sê-lo, ouviram?”).
Ainda em estado de revolta, o poeta faz questão de enumerar situações banais que diz não querer aceitar. Situações essas que figuram como criticas à civilização moderna. O que ele quer é ser totalmente o contrário do que querem que ele seja (7ª estrofe, versos 1,2,3 e 4). Quer estar sozinho seja como e onde for pois visa a solidão perante a sociedade que avista naquele momento (7ª estrofe, versos 5,6 e 7). Não gosta de servir de “encosto” ou de “companhia”; parece rejeitar a proximidade vendo-se como alguém sozinho e ironicamente conformista com a situação (9ª estrofe).
Até à antepenúltima estrofe o sujeito poético apresenta-se com uma revolta que prime pelo seu tom irônico e provocador, nas duas ultimas estrofes o tom parece ser diferente uma vez que o sujeito poético começa a recordar a imagem que tinha de Lisboa no passado e a nostalgia de tudo de bom que parecia existir na “idade do ouro”, a sua infância. Novamente se pode observar outra característica em comum com o ortônimo  Na verdade, mesmo que o passado não tivesse sido perfeito, ambos encaram pior o presente e falam da infância como a única oportunidade de uma suposta felicidade (penúltima estrofe). O tempo que o sujeito poético recorda aparece como o pequeno pedaço de verdade que este tem como agradável. Por isso, ao revisitar Lisboa, o poeta sente mágoa naquilo que vê uma vez que nada se assemelha do que fora outrora. Desta Lisboa, o poeta já não reconhece nada, nem nada lhe desperta sentimento nem vontade de encarar este local como pedaço de vida presente (“Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.”).
Por fim, mas dando continuidade ao sentimento de revolta que esteve presente durante todo o poema, o poeta pede novamente solidão e, mesmo enquanto espera por esta, só anseia estar sozinho.
Neste momento, para o sujeito poético, Lisboa não é reconhecida por si, Lisboa não é mais lugar que lhe dá ou tira alguma coisa, não é nada que o faça sentir tudo ou até mesmo nada. O poeta tenta mostrar-se indiferente à civilização que observa e à Lisboa que lhe apresentam.
Analisando tudo isto, a minha opinião quase permite generalizar o sentimento que o sujeito poético transmite ao leitor. Assim, mesmo conscientes das variadíssimas interpretações que podem ser feitas, arriscamo-nos a dizer que o sentimento de saudade está claramente presente em “Lisbon Revisited”. No meu ponto de vista, o poeta relembra tudo o que viveu e não gosta nem aceita a realidade que vive, e como não quer manifestar tão diretamente o seu apego a uma civilização e uma Lisboa de outrora, prefere antes recusar tudo o que vê com uma revolta que só demonstra a perda, recusa, insatisfação e saudade.

(…)


Ao longo deste poema somos confrontados com algumas figuras de estilo como a ironia (presente em cada verso devido ao tom irônico e provocatório do sujeito poético), a adjetivação e a apóstrofe “oh céu azul…”, entre outras como perífrase “enquanto tarda o abismo e o silêncio quero estar sozinho…”, eufemismo, antítese “eterna verdade vazia e perfeita…”. Outro aspecto é os modos das frases. As frases imperativas estão presentes na maioria das estrofes de uma forma cruel e quase sempre injustificada. Também estão presentes as frases interrogativas e exclamativas que dão muita expressividade e emotividade ao poema.