- O poema “Morte e Vida Severina” trata da trajetória de Severino, um retirante que sai do interior de Pernambuco com destino ao litoral, mais precisamente Recife. Por ser um nome muito comum nos arredores do Nordeste, o retirante ficou conhecido por “Severino da Maria do Zacarias, lá da Serra da Costela, limites da Paraíba”. A Vida e a Morte Severina são passagens que indicam o sofrimento e a precariedade da vida e a morte precoce, típicas dos vários Severinos.
- Guiado pelo Rio Capibaribe, Severino segue seu rumo e se depara com dois homens, os quais carregavam um defunto, cuja graça era Severino Lavrador. O motivo de sua morte foi querer expandir seus hectares de terra, constituídos de dez várzeas de plantação de palha. Os homens então partiram enquanto era noite, “o melhor lençol dos mortos”, e Severino seguiu sua viagem. Nesta caminhada, o retirante se sente amedrontado, pois seu guia, o Capibaribe, secou com a chegada do verão.
- Logo depois, na casa a que o retirante chega, estão cantando excelências para um defunto, ritual típico do povo nordestino. Por conseguinte, Severino dá continuidade à sua peregrinação com a mente frustrada, após refletir que a sua viagem foi marcada pela constante presença da morte. Ele pensa em interrompê-la para procurar algum trabalho e, ao ver uma mulher repousar na janela, decide perguntá-la se há serviço disponível.
- Ao dirigir-se à mesma, Severino descobre que nada do que aprendeu sobre a terra e o gado era útil naquele lugar. Isso porque a única forma de se sustentar na vida é através da ocupação de cargos ligados à morte, uma vez dito pela senhora: “Só os roçados da morte compensam aqui cultivar”.
- Chegando à Zona da Mata, o retirante se depara com uma terra melhor, mais suave, mais bonita e dita por ele mais feminina. Tais observações o fazem pensar novamente se era válido naquela altura interromper a viagem, e quem sabe por ali mesmo firmar seu destino. Por fim, Severino descarta essa ideia, pois seu objetivo ainda não havia sido atingido.
- Mais uma vez, o retirante tem seu caminho cruzado pela morte quando assiste ao enterro de um trabalhador, e ao ouvir a conversa de seus amigos, percebe que o morto foi mais uma vítima da Morte Severina. Tentando se desvencilhar da velhice que vitimava antes dos trinta, Severino aumentou o ritmo de seus passos visando chegar mais ligeiramente ao Recife.
- Ao chegar ao seu destino, o retirante repousa na sombra de um muro e ouve a conversa entre dois coveiros, que almejavam uma vida mais digna. No decorrer do diálogo entre os homens a questão dos retirantes foi atingida, de modo a ser citado que as esperanças cultivadas por eles eram, na verdade, meras ilusões.
- Assim, Severino deixou de lado as poucas utopias que alimentava e considerou plausível o argumento dos coveiros, os quais a pouco lhe haviam feito perceber que estava cavando sua própria sepultura. E para cessar o adiamento de sua morte, o retirante resolve se suicidar, fato que se evidencia em sua conversa com Seu José, constituída de uma série de perguntas relacionadas à profundidade do rio, já que visava à concretização do fim de sua vida no fundo daquelas águas.
- O colóquio é interrompido a partir do momento em que determinada mulher clama o nascimento do filho do Mestre Carpina. A partir desse instante, aproximam-se da casa vários amigos da família, entre eles duas ciganas, as quais dão a previsão de como seria a vida daquele que acabara de chegar: sofrida, porém recompensada. Os outros vizinhos compareceram para visitar e presentear o recém-nascido, dentre os presentes estava um simples jornal, com a justificativa de que o manteria aquecido e garantiria seu futuro.
- Apesar de vir ao mundo com aparência frágil, permaneceria nele através da bravura e persistência presente em todo Severino, assim diziam as pessoas presentes. A afirmação do encantamento se faz na medida em que a chegada de novidades engrandece o sentimento esperançoso dentro dos seres, e corrompe a ideia de que a vida não tem solução. Em contrapartida, existia a consciência de que o ciclo iria sempre se perpetuar.
- Baseado nisso, Seu José descobriu a resposta para a pergunta antes feita por Severino a respeito do por que persistir na luta contra a Morte Severina; o nascer de uma criança era o otimismo da aniquilação de um obstáculo e a possível vinda de mudanças, fortalecidas pela nova geração em que ela se insere. Além disso, nenhuma vida é passível de interferências, por mais que essa seja uma Vida Severina.
(Resumo elaborado por Brenndah Caraúna, Iaralyz Fernandes, Isabelle de Assis e Tiago Oliveira)
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