segunda-feira, 20 de maio de 2013

Resumo da obra "Os Sertões" - Euclides da Cunha

Resumo: Os Sertões (Euclides da Cunha)Olá Pessoal, nesta matéria postei um resumo sobre a obra de Euclides da Cunha, conhecida como Os Sertões, espero que vocês gostem e deixem seus comentários.

Os Sertões:

 campanha de Canudos, de Euclides da Cunha - Os Sertões foi dividido em três partes: "A Terra", "O Homem" e "A Luta. Euclides descreveu o sertão baiano em A Terra. Iniciou explicando o relevo do Planalto Central brasileiro. Depois descreveu a paisagem sertaneja: seca, dias quentes e noites frias, cheia de árvores sem folhas e espinhentas.  Na segunda parte, "O Homem", o Autor caracterizou os sertanejos e contou a história de Antônio Conselheiro, líder do arraial de Canudos. Euclides destacou as diferenças do sertanejo e dos litorâneos, concluindo que os sertanejos estão isolados da civilização e, portanto, privados de seus bens culturais e materiais. Antônio Vicente Mendes Maciel (o Conselheiro), líder de Canudos, foi um reflexo dos sertanejos. Nasceu em Quixeramobim, no Ceará, onde trabalhou e logo se casou. Quando foi traído pela mulher, resolveu andar pelos sertões. Após dez anos, Antônio Vicente surgiu como o líder religioso Antônio Conselheiro.  Muitos sertanejos seguiam Conselheiro em sua peregrinação. Mas a situação agravou-se quando o líder religioso instalou-se na antiga fazenda de Canudos. As pessoas vinham de toda parte. O arraial, segundo as autoridades, era um abrigo de criminosos. Amontoavam-se jagunços suficientes para compor um batalhão, homens cruéis e destemidos. O governo do Estado da Bahia resolveu organizar uma expedição para desbaratar o arraial de Canudos. A primeira expedição, liderada pelo Ten. Pires Ferreira, foi enviada em novembro de 1896. Dispostos estrategicamente, mais preparados e com mais noção do território e de seus ardis, os jagunços saíram vencedores. A segunda expedição, comandada pelo major Febrônio de Brito, foi atacada de surpresa e vencida.  Com grande respaldo popular, a terceira expedição, Expedição Moreira César, partiu de Monte Santo em fevereiro de 1897 e em março invadiu Canudos. O Cel. Moreira César morreu e a expedição fracassou. Os soldados debandaram nas caatingas. A fuga dos soldados restrugiu-se no país inteiro. A vitória dos jagunços foi considerada um ultraje para a República. Era uma ameaça de restauração da Monarquia... (os sertanejos nem entendiam as reformas republicanas: casamento civil, cobrança de impostos e separação entre Igreja e Estado). Batalhões de todos os Estados foram mobilizados para destruir Canudos. O Gen. Artur Oscar liderava-os. 
Com a ajuda do Tenente-Coronel Siqueira de Meneses, comandante astucioso, os soldados combateram e venceram, apesar da repetição dos mesmos erros das expedições anteriores. A vitória das forças do governo, conseguida após sucessivos reforços, consolidou-se quando compôs-se a Trincheira Sete de Setembro. Canudos estava cercada, mas resistiu com fome e sede até 5 de outubro. Os prisioneiros foram degolados.

Fonte: http://www.netsaber.com.br

Os Sertões

O autor fizera a cobertura do conflito de Canudos para o jornal "O Estado de S. Paulo" e seu livro foi escrito com base nos acontecimentos que presenciou naquela região




Obra publicada em 1902 por Euclides da CunhaOs Sertões é um misto de literatura com relato histórico e jornalístico. É uma resposta realista e pessimista à visão ufanista do Brasil, simbolizada pela obra do Conde Afonso Celso Porque me Ufano do Meu País. Em 1897,Euclides da Cunha havia sido enviado pelo jornal O Estado de S. Paulo, como correspondente, ao norte da Bahia para fazer a cobertura do conflito no arraial de Canudos, liderado por Antônio Conselheiro. Com base no que viu e no que pesquisou depois, escreveu seu livro. 
CIÊNCIA LITERÁRIA Dividido em três partes – A Terra, O Homem e A Luta –, o livro ganhou status de obra literária em virtude do estilo apurado e impecável de Euclides da Cunha.
A primeira parte, A Terra, pode ser vista como um estudo geográfico escrito em forma literária. Seguindo os princípios positivistas, o autor descreve de forma minuciosa as características do meio sertanejo. Ao traçar a rota do sudeste, partindo do litoral em direção ao sertão,Euclides da Cunha, com olhar científico, leva o leitor por um árido percurso descritivo.
O vocabulário técnico empregado afastaria essa narrativa da conceituação clássica de literatura. Porém, o estilo empregado pelo narrador dá à obra um ritmo peculiar. Isso se deve à cadência formal (representada pelas construções sintáticas), que imita o movimento de entrada no sertão. Dessa forma, percebe-se uma preocupação estética: o narrador busca, no plano da forma, reproduzir, ou imitar, o conteúdo do texto.
É que, evidentemente, não basta, para o nosso caso, que postos uns diante de outros o negro banto, o indo-guarani e o branco, apliquemos ao conjunto a lei antropológica de Broca. Esta é abstrata e irredutível. Não nos diz quais os reagentes que podem atenuar o influxo da raça mais numerosa ou mais forte, e causas que o extingam ou atenuem quando ao contrário da combinação binária, que pressupõe, despontam três fatores diversos, adstritos às vicissitudes da história e dos climas. 

É uma regra que nos orienta apenas no indagarmos a verdade. Modifica-se, como todas as leis, à pressão dos dados objetivos. Mas ainda quando por extravagante indisciplina mental alguém tentasse aplicá-la, de todo despeada da intervenção daqueles, não simplificaria o problema.”
A LUTA – O conflito de Canudos surgiu de uma pequena desavença local. Antônio Conselheiro havia encomendado e pago um lote de madeiras para a construção de uma igreja no arraial de Canudos.

Se a primeira parte se aproxima do estudo geográfico, a segunda (O Homem) pode ser confundida com um texto antropológico. De acordo com a estética naturalista, fortemente amparada pela filosofia de Taine – na qual o homem é determinado pela tríade meio/raça/história –, essa parte representa o aprofundamento de análise da raça sertaneja.

A Luta, terceira parte do livro, narra a batalha entre o litoral desenvolvido e o interior atrasado. A princípio, Euclides da Cunha, que compartilha as idéias do povo litorâneo, enxerga os acontecimentos no arraial de Canudos como uma revolta. No decorrer da narrativa, porém, essa posição se altera gradativamente até a compreensão de que os sertanejos constituíam um povo isolado e, por isso, homogêneo.

Essa homogeneidade se deve a um isolamento histórico provocado pelo esquecimento civilizatório, que os manteve distantes do desenvolvimento litorâneo.

ENREDO
A TERRA – De um ponto de vista privilegiado, elevado, o narrador inicia uma série de descrições que, como foi dito, se aproximam de uma tese científica. Passando seu olhar arguto por análises biológicas, climáticas e geográficas, ele descobre o espaço do sertão. Começa pelo planalto central e chega até o norte da Bahia, no arraial de Canudos.

Nessa descrição, Euclides da Cunha estuda de maneira detalhada o meio que determinou a formação do homem sertanejo. Isso serve de ratificação da teoria determinista, muito em voga na época, que postulava a determinação do meio sobre o homem.

O seguinte trecho é bastante ilustrativo, tanto do ponto de vista formal quanto do metodológico, dessa primeira parte do livro:

“Do alto da Serra de Monte Santo atentando-se para a região, estendida em torno num raio de quinze léguas, nota-se, como num mapa em relevo, a sua conformação orográfica. E vê-se que as cordas de serras, ao invés de se alongarem para o nascente, medianas aos traçados do Vaza- Barris e Itapicuru, formandolhes o divortium aquarum, progridem para o norte. Mostram-no as serras Grande e do Atanásio, correndo, e a princípio distintas, uma para NO e outra para N e fundindo-se na do Acaru, onde abrolham os mananciais intermitentes do Bendegó e seus tributários efêmeros. Unificadas, aliam-se às de Caraíbas e do Lopes e nestas de novo se embebem, formando-se as massas do Cambaio, de onde irradiam as pequenas cadeias do Coxomongó e Calumbi, e para o noroeste os píncaros torreantes do Caipã. Obediente à mesma tendência, a do Aracati, lançando-se a NO, à borda dos tabuleiros de Jeremoabo, progride, descontínua, naquele rumo e, depois de entalhada pelo Vaza- Barris em Cocorobó, inflete para o poente, repartindo-se nas da Canabrava e Poço-de-Cima, que a prolongam. Todas traçam, afinal, uma elítica curva fechada ao sul por um morro, o da Favela, em torno de larga planura ondeante onde se erigia o arraial de Canudos – e daí para o norte, de novo se dispersam e descaem até acabarem em chapadas altas à borda do S. Francisco.” 
O HOMEM – Partindo de uma análise da gênese antropológica das raças formadoras do homem brasileiro, o narrador decreta a impossibilidade de unidade racial, ou seja, no Brasil seria impossível termos uma raça homogênea.

Porém, devido ao isolamento dos paulistas desbravadores que se tornaram vaqueiros do São Francisco, pode-se dizer que se criou nesse povo certa homogeneidade.

O narrador discorre, também, sobre as tradições sertanejas dos vaqueiros, descrevendo com minúcias seu modo de vida.

Em virtude de fazer parte de uma família cearense que se envolvera em querelas na região, além de ter perdido sua mulher para um policial, Antônio Conselheiro embrenhou-se pelo sertão sem rumo certo, peregrinando pelas cidades. Ele tinha uma imagem messiânica, profética: trajava roupão azul, com uma cabeleira por cortar e desgrenhada, carregando um bastão. Essa imagem favoreceu sua associação com uma figura mística, que serviu como uma luva para o povo fanático e desvalido.
A formação do povo brasileiro é assim descrita por Euclides da Cunha:

“Conhecemos, deste modo, os três elementos essenciais, e, imperfeitamente embora, o meio físico diferenciador – e ainda, sob todas as suas formas, as condições históricas adversas ou favoráveis que sobre eles reagiram. No considerar, porém, todas as alternativas e todas as fases intermédias desse entrelaçamento de tipos antropológicos de graus díspares nos atributos físicos e psíquicos, sob os influxos de um meio variável, capaz de diversos climas, tendo discordantes aspectos e opostas condições de vida, pode afirmar-se que pouco nos temos avantajado. Escrevemos todas as variáveis de uma fórmula intricada, traduzindo sério problema; mas não desvendamos todas as incógnitas. 

Como o lote não foi entregue, houve uma ameaça de ataque à cidade de Juazeiro. O juiz da região pediu ajuda ao governador da Bahia, que, não conseguindo resolver a situação, solicitou a presença das tropas federais. Antônio Conselheiro também era acusado de sonegador de impostos e de ser antirrepublicano, por manifestar-se contra a dissociação entre Estado e Igreja no casamento – medida surgida com o advento da República.

Esses foram os argumentos oficiais do governo brasileiro para o ataque ao arraial de Canudos.
Este trecho de Euclides da Cunha descreve a situação no final dos combates:

“A luta, que viera perdendo dia a dia o caráter militar, degenerou, ao cabo, inteiramente. Foram-se os últimos traços de um formalismo inútil: deliberações de comando, movimentos combinados, distribuições de forças, os mesmos toques de cornetas, e por fim a própria hierarquia, já materialmente extinta num exército sem distintivos e sem fardas. Sabia-se de uma coisa única: os jagunços não poderiam resistir por muitas horas. Alguns soldados se haviam abeirado do último reduto e colhido de um lance a situação dos adversários. Era incrível: numa cava quadrangular, de pouco mais de metro de fundo, ao lado da igreja nova, uns vinte lutadores, esfomeados e rotos, medonhos de ver-se, predispunham-se a um suicídio formidável. Chamou-se aquilo o “hospital de sangue” dos jagunços. Era um túmulo. De feito, lá estavam, em maior número, os mortos, alguns de muitos dias já, enfileirados ao longo das quatro bordas da escavação e formando o quadrado assombroso dentro do qual uma dúzia de moribundos, vidas concentradas na última contração dos dedos nos gatilhos das espingardas, combatiam contra um exército. E lutavam com relativa vantagem ainda. Pelo menos fizeram parar os adversários. Destes os que mais se aproximaram lá ficaram, aumentando a trincheira sinistra de corpos esmigalhados e sangrentos. Viam-se, salpintando o acervo de cadáveres andrajosos dos jagunços, listras vermelhas de fardas e entre elas as divisas do sargento-ajudante do 39o, que lá entrara, baqueando logo. Outros tiveram igual destino. Tinham a ilusão do último recontro feliz e fácil: romperam pelos últimos casebres envolventes, caindo de chofre sobre os titãs combalidos, fulminando-os, esmagando-os...” 
CONCLUSÃO Estruturado em três partes que se referem à teoria determinista de Taine, XXXX Os Sertões, de Euclides da Cunha, é a primeira obra significativa que se contrapõe à visão ufanista e ingênua do país. Além do valor literário, tem o grande mérito de retratar a comunidade de Canudos, que foi liderada por Antônio Conselheiro.


Os Sertões - Guia do Estudante

Resumo da obra "Morte e Vida Severina" - João Cabral de Melo Neto


  • O poema “Morte e Vida Severina” trata da trajetória de Severino, um retirante que sai do interior de Pernambuco com destino ao litoral, mais precisamente Recife. Por ser um nome muito comum nos arredores do Nordeste, o retirante ficou conhecido por “Severino da Maria do Zacarias, lá da Serra da Costela, limites da Paraíba”. A Vida e a Morte Severina são passagens que indicam o sofrimento e a precariedade da vida e a morte precoce, típicas dos vários Severinos.
  • Guiado pelo Rio Capibaribe, Severino segue seu rumo e se depara com dois homens, os quais carregavam um defunto, cuja graça era Severino Lavrador. O motivo de sua morte foi querer expandir seus hectares de terra, constituídos de dez várzeas de plantação de palha. Os homens então partiram enquanto era noite, “o melhor lençol dos mortos”, e Severino seguiu sua viagem. Nesta caminhada, o retirante se sente amedrontado, pois seu guia, o Capibaribe, secou com a chegada do verão.
  • Logo depois, na casa a que o retirante chega, estão cantando excelências para um defunto, ritual típico do povo nordestino. Por conseguinte, Severino dá continuidade à sua peregrinação com a mente frustrada, após refletir que a sua viagem foi marcada pela constante presença da morte. Ele pensa em interrompê-la para procurar algum trabalho e, ao ver uma mulher repousar na janela, decide perguntá-la se há serviço disponível.
  • Ao dirigir-se à mesma, Severino descobre que nada do que aprendeu sobre a terra e o gado era útil naquele lugar. Isso porque a única forma de se sustentar na vida é através da ocupação de cargos ligados à morte, uma vez dito pela senhora: “Só os roçados da morte compensam aqui cultivar”.
  • Chegando à Zona da Mata, o retirante se depara com uma terra melhor, mais suave, mais bonita e dita por ele mais feminina. Tais observações o fazem pensar novamente se era válido naquela altura interromper a viagem, e quem sabe por ali mesmo firmar seu destino. Por fim, Severino descarta essa ideia, pois seu objetivo ainda não havia sido atingido.
  • Mais uma vez, o retirante tem seu caminho cruzado pela morte quando assiste ao enterro de um trabalhador, e ao ouvir a conversa de seus amigos, percebe que o morto foi mais uma vítima da Morte Severina. Tentando se desvencilhar da velhice que vitimava antes dos trinta, Severino aumentou o ritmo de seus passos visando chegar mais ligeiramente ao Recife.
  • Ao chegar ao seu destino, o retirante repousa na sombra de um muro e ouve a conversa entre dois coveiros, que almejavam uma vida mais digna. No decorrer do diálogo entre os homens a questão dos retirantes foi atingida, de modo a ser citado que as esperanças cultivadas por eles eram, na verdade, meras ilusões.
  • Assim, Severino deixou de lado as poucas utopias que alimentava e considerou plausível o argumento dos coveiros, os quais a pouco lhe haviam feito perceber que estava cavando sua própria sepultura. E para cessar o adiamento de sua morte, o retirante resolve se suicidar, fato que se evidencia em sua conversa com Seu José, constituída de uma série de perguntas relacionadas à profundidade do rio, já que visava à concretização do fim de sua vida no fundo daquelas águas.
  • O colóquio é interrompido a partir do momento em que determinada mulher clama o nascimento do filho do Mestre Carpina. A partir desse instante, aproximam-se da casa vários amigos da família, entre eles duas ciganas, as quais dão a previsão de como seria a vida daquele que acabara de chegar: sofrida, porém recompensada. Os outros vizinhos compareceram para visitar e presentear o recém-nascido, dentre os presentes estava um simples jornal, com a justificativa de que o manteria aquecido e garantiria seu futuro.
  • Apesar de vir ao mundo com aparência frágil, permaneceria nele através da bravura e persistência presente em todo Severino, assim diziam as pessoas presentes. A afirmação do encantamento se faz na medida em que a chegada de novidades engrandece o sentimento esperançoso dentro dos seres, e corrompe a ideia de que a vida não tem solução. Em contrapartida, existia a consciência de que o ciclo iria sempre se perpetuar.
  • Baseado nisso, Seu José descobriu a resposta para a pergunta antes feita por Severino a respeito do por que persistir na luta contra a Morte Severina; o nascer de uma criança era o otimismo da aniquilação de um obstáculo e a possível vinda de mudanças, fortalecidas pela nova geração em que ela se insere. Além disso, nenhuma vida é passível de interferências, por mais que essa seja uma Vida Severina.

(Resumo elaborado por Brenndah Caraúna, Iaralyz Fernandes, Isabelle de Assis e Tiago Oliveira)

"O auto da Compadecida" - Resumo da obra de Ariano Suassuna


"O auto da Compadecida" - Resumo da obra de Ariano Suassuna

20/05/2013
A peça retoma elementos do teatro popular, contidos nos autos medievais, e da literatura de cordel para exaltar os humildes e satirizar os poderosos e os religiosos que se preocupam apenas com questões materiais.

Leia a análise de O auto da Compadecida

Resumo
A primeira peripécia narrativa da peça, o enterro do cachorro, pode ser encontrada em diversas obras anteriores, como no cordel "O Dinheiro", de Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Nesse cordel, um cachorro também deixara uma soma em dinheiro no testamento com a condição de que fosse “enterrado em latim”.

As duas próximas peripécias, ambas encontradas na segunda parte da peça (que pode ser dividida em três atos), apresentam um gato que supostamente “descome” dinheiro e de um instrumento musical que seria capaz de ressuscitar os mortos. Essas duas estruturas narrativas estão no romance de cordel "História do Cavalo que Defecava Dinheiro", também de Leandro Gomes de Barros.

Na peça, porém, Suassuna substituiu o cavalo por um gato, certamente para facilitar a encenação. Esse é um exemplo de como uma necessidade prática pode influir na narrativa, obrigando o autor a transformá-la conforme as necessidades impostas pela forma de apresentação.

A apropriação da tradição, ao contrário de ser facilitada pela tematização prévia, é dificultada, pois, ao imitar, é preciso fazer jus a quem se imita, superando-o ou pelo menos igualando-se a ele em qualidade e inventividade. No texto de Leandro Gomes, o instrumento musical capaz de levantar defuntos era uma rabeca e, em Suassuna, passa a ser uma gaita, provavelmente também por causa de uma necessidade cênica.

No último ato da peça ocorre o julgamento dos personagens que foram mortos por Severino de Aracaju, e do próprio Severino, morto por uma facada de João Grilo. É impossível não pensar no "Auto da Barca do Inferno", de Gil Vicente, em que uma série de personagens é julgada por seus atos em terra e tem como juízes um anjo e um demônio. A fonte direta de Suassuna, porém, estava mais próxima. É "O Castigo da Soberba", romance popular nordestino, de autoria anônima, no qual a compadecida aparece para salvar um grupo de condenados.

Fica patente o cunho de sátira moralizante da peça, que assume uma posição cujo foco está na base da pirâmide social, a melhor maneira de desvelar os discursos mentirosos das autoridades e integrar os homens e mulheres por meio da compaixão, a qual só os desprendidos podem desenvolver. Nesse aspecto, a moral que se depreende da peça é muito semelhante à do cristianismo primitivo, que se baseava no preceito “amai-vos uns aos outros”.

Personagens
Os personagens de "Auto da Compadecida" são alegóricos, ou seja, não representam indivíduos, mas tipos que devem ser compreendidos de acordo com a posição estrutural que ocupam. A criação desses personagens possibilita que se enxergue a sociedade de uma cidadezinha do Nordeste. É por isso que a peça pode ser chamada sátira social, pois procura reformar os costumes, moralizar e salvar as instituições de sua vulgarização.

Palhaço: é o anunciador da peça e também o grande comentador das situações. Suas falas apresentam muitas vezes um discurso mais direto, que dá a impressão de vir do autor. Na verdade, o Palhaço exerce função metalinguística no espetáculo, ao refletir sobre o próprio mecanismo mágico de produção da imitação e ao suprimir a distância entre realidade e representação. 

João Grilo: protagonista, personagem pobre e franzino, que usa de sua infinita astúcia para garantir a sobrevivência. Já foi comparado a Macunaíma, o herói sem caráter. Tal comparação, no entanto, revela-se inadequada, já que João Grilo, ao contrário do personagem criado por Mário de Andrade, trabalha de forma dura, ajuda seu grande amigo Chicó e tem como justificativa de suas traquinagens ser assolado por uma pobreza absoluta. O mais acertado seria compará-lo ao personagem picaresco, encontrado no romance medieval Lazarilho de Tormes. Mas nem é preciso ir tão longe, pois Pedro Malazarte – cuja origem ibérica está em Pedro Urdemalas – é o personagem popular mais próximo de João Grilo. 

Chicó: é o contador de causos, o mentiroso ingênuo que cria histórias apenas para satisfazer um desejo inventivo. Chicó se aproxima do narrador popular, e suas histórias revelam muito do prazer narrativo desinteressado da cultura popular. Chicó e João Grilo são como a dupla de palhaços entre os quais a esperteza é mal repartida — um sempre a tem de mais e o outro, de menos. 

Padre João:
 mau sacerdote local, preocupado apenas em angariar fundos para sua aposentadoria.

Sacristão: outro exemplo de mau religioso. 

Bispo: juntamente com o padre João e o sacristão, ajudará a compor o quadro de representação da Igreja corrompida. 

Antônio Moraes: típico senhor de terras, truculento e poderoso, que se impõe pelo medo, pelo dinheiro e pela força. 

Padeiro: representante da burguesia interessada apenas em acumular capital, explora seus empregados e tem acordos com as autoridades da Igreja. 

Mulher do padeiro: esposa infiel e devassa, tem amor genuíno apenas por seus animais de estimação. 

Frade: bom sacerdote, serve, no enredo da peça, para salvaguardar a instituição Igreja das críticas do autor. 

Severino do Aracajú: cangaceiro violento e ignorante. 

Cangaceiro: ajudante de Severino, seu papel é apenas puxar o gatilho e executar outros personagens. 

Demônio: ajudante do Diabo, parece disposto a condenar todos os personagens mortos no final do segundo ato. 

O Encourado (o Diabo): segundo uma crença nordestina, o diabo utiliza roupas de couro e veste-se como um boiadeiro. Funciona como uma espécie de antagonista de João Grilo; como ele, também é astuto, mas acaba sendo derrotado pelo herói. 

Manuel (Nosso Senhor Jesus Cristo): personagem que simboliza o bem, porém um bem sem misericórdia. É representado por um ator negro, a fim de que isso produza um efeito de estranhamento no público. 

A Compadecida (Nossa Senhora): heroína da peça, funciona como uma advogada de João Grilo e de seus conterrâneos, derrotando com seus argumentos cheios de misericórdia os planos do Encourado de levar todos ao inferno.

Sobre Ariano Suassuna
Ariano Suassuna nasceu na cidade de João Pessoa, Paraíba, em 16 de junho de 1927. Quando tinha cerca de três anos de idade, seu pai foi assassinado por motivos políticos durante a Revolução de 30 e após isso o restante da família mudou-se para Taperoá, no sertão paraibano. Nessa cidade ele realizou seus primeiros estudos e começou a se familiarizar com a linguagem e cultura do sertão nordestino.

Em 1942, mudou-se com a família para o Recife, onde terminou seus estudos. Iniciou em 1946 a Faculdade de Direito, onde conhece Hermilo Borba Filho e com ele funda o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947, Ariano Suassuna publica sua primeira peça, Uma mulher vestida de sol, com a qual ganhou o prêmio Nicolau Carlos Magno.

Em 1950, forma-se em Direito e passa a exercer também a carreira de advogado. Após escrever mais algumas peças, Suassuna publica O Auto da Compadecida em 1955. Dois anos depois, essa peça é encenada pelo Teatro Adolescente do Recife e ganha a medalha de ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, projetando o escritor para todo o país.

Em 1957, abandona a carreira de advogado para tornar-se professor na Universidade Federal de Pernambuco. No ano seguinte, casa-se com Zélia de Andrade Lima, com a qual teve seis filhos. Mais uma vez junto com Hermilio Borba Filho, funda em 1959 o Teatro Popular do Nordeste. Além disso, foi membro fundador do Conselho Federal de Cultura (1967) e do Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco (1968). 

Em 1969, Suassuna foi nomeado Diretor do Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco, cargo que ocupou até o ano de 1974. Nessa mesma universidade, doutorou-se em História em 1976 e ocupou o cargo de professor de Estética e Teoria do Teatro, dentre outras matérias, durante mais de trinta anos.

Em 1970, lança o Movimento Armorial, que se interessava pelo conhecimento e desenvolvimento das formas de expressão populares tradicionais.

Suas principais obras são: "Uma mulher vestida de sol" (1947), "O castigo da soberba" (1953), "O rico avarento" (1954), "O Auto da Compadecida" (1955), "O santo e a porca" (1957), "A caseira e a Catarina" (1962) e "O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta" (1971).

domingo, 19 de maio de 2013

Reforma Ortográfica - Fiquem ligados


Resumo da obra Vidas Secas - Graciliano Ramos / 7º ano


"Vidas Secas" - Resumo obra de Graciliano Ramos

19/05/2013

"Vidas Secas", romance publicado em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. A obra pertence à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas criações da época.

O estilo seco de Graciliano Ramos, que se expressa principalmente por meio do uso econômico dos adjetivos, parece transmitir a aridez do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão.

- Leia a análise de Vidas Secas

Resumo
O livro possui 13 capítulos que, por não terem uma linearidade temporal, podem ser lidos em qualquer ordem. Porém, o primeiro, "Mudança", e o último, "Fuga", devem ser lidos nessa sequência, pois apresentam uma ligação que fecha um ciclo. "Mudança" narra as agruras da família sertaneja na caminhada impiedosa pela aridez da caatinga, enquanto que em "Fuga" os retirantes partem da fazenda para uma nova busca por condições mais favoráveis de vida. Assim, pode-se dizer que a miséria em que as personagens vivem em Vidas Secas representa um ciclo. Quando menos se espera, a situação se agrada e a família é obrigada a se mudar novamente.

Fabiano é um homem rude, típico vaqueiro do sertão nordestino. Sem ter frequentado a escola, não é um homem com o dom das palavras, e chega a ver a si próprio como um animal às vezes. Empregado em uma fazenda, pensa na brutalidade com que seu patrão o trata. Fabiano admira o dom que algumas pessoas possuem com a palavra, mas assim como as palavras e as ideias o seduziam, também cansavam-no.

Sem conseguir se comunicar direito com as pessoas, entra em apuros em um bar com um soldado, que o desafiaram para um jogo de apostas. Irritado por perder o jogo, o soldado provoca Fabiano o insultando de todas as formas. O pobre vaqueiro aguenta tudo calado, pois não conseguia se defender. Até que por fim acaba insultando a mãe do soldado e indo preso. Na cadeia pensa na família, em como acabou naquela situação e acaba perdendo a cabeça, gritando com todos e pensando na família como um peso a carregar.

Sinha Vitória é a esposa de Fabiano. Mulher cheia de fé e muito trabalhadora. Além de cuidar dos filhos e da casa, ajudava o marido em seu trabalho também. Esperta, sabia fazer contas e sempre avisava ao marido sobre os trapaceiros que tentavam tirar vantagem da falta de conhecimento de Fabiano. Sonhava com um futuro melhor para seus filhos e não se conformava com a miséria em que viviam. Seu sonho era ter uma cama de fita de couro para dormir.

Nesse cenário de miséria e sem se darem muita conta do que acontecia a seu redor, viviam os dois meninos. O mais novo via na figura do pai um exemplo. Já o mais velho queria aprender sobre as palavras. Um dia ouviu a palavra "inferno" de alguém e ficou intrigado com seu significado. Perguntou a Sinhá Vitória o que significava, mas recebeu uma resposta vaga. Vai então perguntar a Fabiano, mas esse o ignora. Volta a questionar sua mãe, mas ela fica brava com a insistência e lhe dá um cascudo. Sem ter ninguém que o entenda e sacie sua dúvida, só consegue buscar consolo na cadela Baleia.

Um dia a chuva chega (o "inverno") e ficam todos em casa ouvindo as histórias de Fabiano. Histórias essas que ele nunca tinha vivido, feitos que ele nunca havia realizado. Em meio a suas histórias inventadas, Fabiano pensava se as coisas iriam melhorar dali então. Para o filho mais novo, as sombras projetadas pela fogueira no escuro deixava o pai com um ar grotesco. Já o mais velho ouvia as histórias de Fabiano com muita desconfiança.

O Natal chegou e a família inteira foi à festa da cidade. Fabiano ficou embriagado e se sentia muito valente, só pensando em se vingar do soldado que lhe colocou atrás das grades. Uma hora, cansado de seu próprio teatro, faz de suas roupas um travesseiro e dorme no chão. Sinha Vitória estava cansada de cuidar do marido embriagado e ter que olhar as crianças também. Em um dado momento, ela toma coragem para fazer o que mais estava com vontade: encontra um cantinho e se abaixa para urinar. Satisfeita, acende uma piteira de barro e fica a sonhar com a cama de fitas de couro e um futuro melhor.

No que talvez seja o momento mais famoso do livro, Fabiano vê o estado em que se encontrava Baleia, com pelos caídos e feridas na boca, e achou que ela pudesse estar doente. O vaqueiro resolve, então, sacrificar a cadela. Sinhá Vitória recolhe os filhos, que protestavam contra o sacrifício do pobre animal, mas não havia outra escolha. O primeiro tiro acerta o traseiro de Baleia e a deixa com as patas inutilizadas. A cadela sentia o fim próximo e chega a querer morder Fabiano. Apesar da raiva que sentia de Fabiano, o via como um companheiro de muito tempo. Em meio ao nevoeiro e da visão de uma espécie de paraíso dos cachorros, onde ela poderia caçar preás à vontade, Baleia morre sentindo dor e arrepios.

E assim a vida vai passando para essa família sofredora do sertão nordestino. Até que um dia, com o céu extremamente azul e nenhuma nuvem à vista, vendo os animais em estado de miséria, Fabiano decide que a hora de partir novamente havia chegado. Partiram de madrugada largando tudo como haviam encontrado. A cadela Baleia era uma imagem constante nos pensamentos confusos de Fabiano. Sinhá Vitória tentava puxar conversa com o marido durante a caminhada e os dois seguiam fazendo planos para o futuro e pensando se existiria um destino melhor para seus filhos.

Lista de Personagens
Baleia: cadela que é tratada como membro da família. Pensa, sonha e age como se fosse gente.
Sinhá Vitória: mulher de Fabiano. Mãe de 2 filhos, é batalhadora e inconformada com a miséria em que vivem. É esperta e sabe fazer conta, sempre prevenindo o marido sobre trapaceiros.
Fabiano: vaqueiro rude e sem instrução, não tem a capacidade de se comunicar bem e lamenta viver como um bicho, sem ter frequentado a escola. Ora reconhece-se como um homem e sente orgulho de viver perante às adversidades do nordeste, ora se reconhece como um animal. Sempre a procura de emprego, bebe muito e perde dinheiro no jogo.
Filhos: o mais novo admira a figura do pai vaqueiro, integrado à terra em que vivem. Já o mais velho não tem interesse nessa vida sofrida do sertão e quer descobrir o sentido das palavras, recorrendo mais à mãe.
Patrão: fazendeiro desonesto que explorava seus empregados, contrata Fabiano para trabalhar.

Sobre Graciliano Ramos
Graciliano Ramos de Oliveira nasceu em Quebrangulo, Alagoas, em 27 de outubro de 1892. Terminando o segundo-grau em Maceió, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como jornalista durante alguns anos. Em 1915 volta para o Alagoas e casa-se com Maria Augusta de Barros, que falece em 1920 e o deixa com quatro filhos.

Trabalhando como prefeito de uma pequena cidade interiorana, foi convencido por Augusto Schmidt a publicar seu primeiro livro, "Caetés" (1933), com o qual ganhou o prêmio Brasil de Literatura. Entre 1930 e 1936 morou em Maceió e seguiu publicando diversos livros enquanto trabalhava como editor, professor e diretor da Instrução Pública do Estado. Foi preso político do governo Getúlio Vagas enquanto se preparava para lançar "Angústia", que conseguiu publicar com a ajuda de seu amigo José Lins do Rego em 1936. Em 1945 filia-se ao Partido Comunista do Brasil e realiza durante os anos seguintes uma viagem à URSS e países europeus junto de sua segunda esposa, o que lhe rende seu livro "Viagem" (1954).

Artista do segundo movimento modernista, Graciliano Ramos denunciou fortemente as mazelas do povo brasileiro, principalmente a situação de miséria do sertão nordestino. Adoece gravemente em 1952 e vem a falecer de câncer do pulmão em 20 de março de 1953 aos 60 anos.

Suas principais obras são: "Caetés" (1933), "São Bernardo" (1934), "Angústia" (1936), "Vidas Secas" (1938), "Infância" (1945), "Insônia" (1947), "Memórias do Cárcere" (1953) e "Viagem" (1954).


http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/vidas-secas-resumo-obra-graciliano-ramos-702011.shtml

Trabalho 7º ano - Escritores nordestinos


Trabalho de Português – Projeto Escritores Nordestinos – 7º – 2013

Este projeto tem como objetivo enaltecer a importância dos escritores nordestinos na literatura brasileira. Cada grupo irá trabalhar com um autor diferente. A primeira parte consistirá na leitura do texto e entrega de atividade impressa (disponível para download) para a professora Laura, neste mês de maio. A segunda parte será feita em sala de aula.


O auto da compadecida – Ariano Suassuna
7º ano - Amizade (disponível na biblioteca)

Morte e vida Severina – João Cabral de Melo
7º ano
(disponível na biblioteca)

Os sertões – Euclides da Cunha
6º ano Azul 
(disponível na biblioteca)

Fogo morto – José Lins do Rego
6º ano Branco  
(disponível na biblioteca)

Vidas secas – Graciliano Ramos
6º ano (Texto disponível no blog)



Coesão e Coerência


COESÃO E COERÊNCIA


Maria da Graça Costa Val em seu livro Redação e Textualidade traz algumas noções mais relevantes da teoria linguística textual e relaciona-as com redações elaboradas por candidatos ao curso de letras da UFMG no vestibular de 1983. Com isto ela nos esclarece o que é um texto e como se produz um texto.
A coerência apresenta-se como um fator fundamental da textualidade. Para ser coerente os textos precisam apresentar algumas qualidades. Essas qualidades para serem descritas foram observadas empiricamente para que fosse possível a formulação de critérios para a análise textual. Para que um texto seja coerente e coeso ele necessita de certos requisitos como:
  • Continuidade: considerando-a como requisito da coerência, diz que ela se refere a retomada de elementos no decorrer do discurso. Em relação a coesão relaciona com o emprego de recursos lingüísticos específicos como a repetição de palavras, usos de artigos definidos ou pronomes demonstrativos para determinar entidades já mencionados, uso de pronomes anafóricos de outros vicários (ser, fazer, lá, ali, então, etc),  a elipse de termos facilmente recobráveis.  Alguns desses mecanismos de coesão devem seguir certas regras: os pronomes anafóricos devem concordar em gênero e número com o termo que substituem; só podem recobrar por pronome elementos expressos na superfície textual. Deste modo observar a continuidade de um texto é verificar no plano conceitual se há elementos que percorrem todo o seu desenvolvimento, e no plano linguístico é verificar se esses elementos são retomados apropriadamente pelos recursos adequados.

  • Progressão: o texto necessita retomar seus elementos conceituais e formais, não pode se limitar a repeti-los. É precisa que traga novas informações para incorporá-las aos já mencionados. Em relação à coerência a progressão apresenta-se pela soma de idéias novas as que vinham sendo tratadas. Já com a coesão a relação se dá entre o dado e o novo. A progressão pode-se fazer pelo acréscimo de novos comentários a um mesmo tópico, ou pela transformação dos comentários em novos tópicos.


  • Não-contradição: deve ser observado no âmbito interno e externo do texto. Para ser coerente o texto precisa respeitar os princípios lógicos elementares. Suas afirmações não podem se contradizer ao mundo a qual se refere, o mundo textual tem que ser compatível com mundo que se apresenta. A exigência da não-contradição emprega-se ao plano conceitual (da coerência) e ao plano da expressão (da coerência). Há também a condição léxico-semântica: que é o emprego do significante que não condiz com o significante pretendido ou cabível ao texto.  

  • Articulação: deve ser observado se as ideias tem a ver uma com as outras e que tipo específico de relações elas estabelecem entre si. Deve ser observado também a presença e a pertinência das relações entre os fatos e conceitos apresentados. Uma vez que o texto pode apresentar fatos e conceitos relacionáveis sem estabelecer ligações entre elas. As relações podem se estabelecer apenas no plano lógico-semântico conceitual (da coerência). Já no plano da coesão há recursos específicos para sua expressão formal como os mecanismos de junção, os articuladores lógicos do discurso e os recursos linguísticos que permitem estabelecer relações entre os elementos do texto.
  •  NÃO DEIXE DE VER UMA SUGESTÃO DE ATIVIDADE EM NOSSO BLOG QUE TRABALHA COM OS ASPECTOS CITADOS ACIMA.

EXEMPLOS DE GÊNEROS TEXTUAIS


EXEMPLOS DE GÊNEROS TEXTUAIS


 Uma das funções do gênero segundo Jost (2004) é o direcionamento da interpretação do texto por parte do receptor. Os gêneros devem ser buscados e definidos tanto do ponto de vista da construção de sentido (regras semânticas), quanto do estabelecimento de um contrato de interlocução com o outro (regras pragmáticas). Eles dizem respeito à relação entre enunciado (o que é dito, conteúdo) e a enunciação (modos de dizer).Martín-Barbero (1997) analisa o gênero como estratégia de comunicabilidade, lugar privilegiado de mediação, espaço de negociação entre objetivos do produtor e expectativas do receptor. O autor (idem, p. 302) assegura que “um gênero é, antes de tudo, uma estratégia de comunicabilidade, e é como marca dessa comunicabilidade que o gênero se faz presente e analisável no texto”. Nesse sentido, segundo o autor nenhum gênero é uma unidade acabada: eles são, na verdade, constituições híbridas; donde decorre que nenhum gênero é fechado em si mesmo, mas remete a outros.Assim veremos agora como os textos são construídos de acordo com o gênero escolhido


           Opinião


Aos 32 anos, terá mais uma chance de provar que pode ser ainda um grande jogador. Só que a pressão será muito maior. Ele chega com a responsabilidade de voltar a fazer o Galo reviver seus momentos de glória. Terá que provar ainda que vai se dedicar ao futebol e dar o ‘sangue’ em campo. Caso o Alvinegro não faça um bom Brasileirão, ele será o ‘bode expiatório’ e com uma possível dose de razão.Eu sinceramente, duvido muito que ele consiga voltar a ter ao menos um bom futebol para desequilibrar um jogo (eu falo de 10% do que ele fazia no Barcelona).Exceção em algumas partidas do primeiro turno do Campeonato Brasileiro de 2011, ele foi um jogador comum no Flamengo. Simplesmente tocava e passava a bola. Não dava arrancadas. Não tentava um chapéu, por exemplo. Não chamava a responsabilidade para si.Aliás, ele parece ter perdido a confiança em si mesmo. Me lembro na partida contra o Olímpia-PAR, pela quarta rodada da Libertadores, onde os flamenguistas foram derrotados por 3 a 2, Ronaldinho Gaúcho tentou dar um drible desconcertante em um defensor do time paraguaio e acabou não conseguindo. Como se aquele lance lhe dissesse: “Cara se manca, você não é mais um grande jogador. É mais um em campo. Não tente fazer o que você não sabe mais”


Fonte: http://blogs.saocarlosagora.com.br/futebolarte/2012/06/05/chance-de-ronaldinho-no-galo-e-o-marketing-dos-clubes-brasileiros/

Texto Jornalístico


Ronaldinho destaca bom ambiente do Galo: 'Dias de muita alegria 'O armador Ronaldinho Gaúcho tem pouco tempo de Atlético-MG, mas afirma que vem se adaptando muito bem ao novo clube. O jogador se diz feliz em Belo Horizonte e destaca a motivação do grupo alvinegro no sentido de levar o Atlético-MG ao título do Campeonato Brasileiro. Objetivo que Ronaldinho garante que vai fazer o possível para que se torne realidade.'Foi muito bom começar com vitória. Tive poucos dias de treino com o grupo, mas todos estão procurando me ajudar e isso tem sido importante. Devido a tudo isso, a adaptação tem sido boa. Então, esses primeiros dias aqui estão sendo de muita alegria para mim. O grupo quer muito vencer e sabe da importância que teria esse título para o clube. Todos que fazem parte desse grupo querem entrar para a história, então, está todo mundo muito motivado', declara.Ronaldinho argumenta que é importante começar bem o Brasileiro e frisa que até o momento a campanha do Galo é boa, com dez pontos em quatro jogos, na vice-liderança. 'Sei da importância de arrancar bem no Campeonato Brasileiro, e a gente já deu esse primeiro passo. Se a gente fizer um bom primeiro turno, chega com mais tranquilidade no segundo turno. Vejo o grupo muito motivado e muito a fim de fazer história nesse clube', comentou.O armador atleticano ainda falou sobre a função que vai desempenhar no Galo, atuando no meio-campo. 'É uma função que eu já tinha feito desde a época das categorias de base, de jogar como meia atrás do atacante. Para mim não tem problema nenhum. Se o Cuca quiser que eu faça essa função, não tem problema', afirmou.Ronaldinho explicou o motivo de ter feito um contrato curto com o Atlético-MG. Segundo ele, como o Campeonato Brasileiro já estava em andamento, era necessário um acerto rápido, e para não estender demais as negociações firmou compromisso somente até o final do ano. 'Foi uma decisão rápida porque precisava de uma negociação rápida, o Campeonato Brasileiro já estava em andamento', disse.

Fonte: Revista Veja on-line

Charge





Fonte: http://www.achargedomeutime.com.br

JOST, F. Seis lições sobre a televisão. Porto Alegre. Sulina, 2004MARTÍN-BARBERO. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997.



Segue mais alguns exemplos de gêneros textuais:

Carta 
É um gênero textual que se caracteriza por envolver um remetente e um destinatário. É normalmente escrita em primeira pessoa, e sempre visa um tipo de leitor. Dependendo do leitor há até mesmo tratamentos específicos no caso de autoridades como o papa (Vossa Santidade), o juiz, o presidente, entre outros. Há algumas características que marcam esse tipo de texto:- Local e Data- Destinatário- Saudação- Interlocução com o destinatário- Despedida


Exemplo:  Carta para papai Noel - "Querido Papai Noel, este ano eu me comportei direitinho obedeci a mamãe, fui para a escola, tentei fazer todas as tarefinhas que a tia passou, claro que tive muitas dificuldades porque muitas das vezes eu estava com tanto sono que não conseguia ficar acordado para fazer o dever de casa devido a um árduo dia de trabalho no sinal depois da escola.Tenho sete anos de idade sou de uma família de cinco irmãos, por ser o mais velho eu e o meu irmão de cinco anos ficamos responsáveis por levar dinheiro para casa.A minha mãe quando não está drogada é uma boa mãe, ela fica em casa cuidando dos meus irmãozinhos e amamentando o meu irmão caçula. Ela trabalha em casa, eu só não sei direito o que ela faz, só sei que ela recebe uns homens que segundo ela são seus clientes. Quando esses clientes chegam lá em casa, ela manda eu e os meus irmãos esperarmos eles conversarem lá fora, quando ele sai, ela fuma muito e fica nervosa, nessa hora ela bate na gente a toa, por isso procuramos não fazer perguntas e nem irritá-la.Quando chego em casa por volta das 21:00 h entrego o dinheiro que consegui no sinal para a minha mãe e vejo se sobrou comida para eu comer e espero todos irem dormir para eu fazer o dever de casa que a tia da escola passou, no dia seguinte eu acordo 7:30 h visto o uniforme e vou para a escola.Gosto de ir para escola porque lá tem merenda e a comida é muito gostosa, as vezes nem consigo me concentrar na aula direto porque a minha barriga está doendo tanto que não vejo a hora da merenda.Papai Noel, fui um bom menino este ano por isso te peço, por favor, faça com que todo dia eu consiga levar dinheiro para casa para a minha mãe não me bater mais e ficar feliz e parar de se drogar, e que todo o dia tenha comida, não deixa mais eu e meus irmãos irmos dormir com fome. Ah! Se não for pedir de mais eu gostaria de ganhar também uma bicicleta para mim sem rodinha e uma para o meu irmão com rodinha, um carrinho de controle remoto para o Juninho, um caminhão de brinquedo para o Pedrinho, e um patinho de borracha para o meu irmão caçula. Por favor, leia a minha cartinha este ano, já que todos os anos eu te escrevo e até hoje você não me respondeu.Desde já te agradeço querido papai Noel!!! 
Ass.: Luizinho. São joão de Meriti 03/11/2012"






Bilhetes
O bilhete é um gênero textual que se caracteriza por mensagens simples, escritas de forma clara e rápida, em um pequeno papel. Eles são usados como meio de comunicação entre as pessoas, como se fosse um pequeno aviso ou lembrete. Por serem simples e breves, os bilhetes não têm regras para serem escritos, cada pessoa escreve de acordo com sua ideia.
Exemplo:
“Luiz, hoje não poderei almoçar com você em casa, tenho uma reunião marcada de última hora, mas o almoço está no forno. E não esquece de levar o Pity ao pet shop. Beijos, Andréia”


Bula de remédio
A bula de remédio é um gênero de texto. Traz informações sobre o uso de um medicamento. Por ser um texto técnico, ele apresenta um grande emprego de termos específicos da área. Exemplo:

Laboratório Aché. Apresentação de Sorine Infantilsol. nasal fr. c/ 30 ml Cada ml contém: Cloreto de benzalcônio 0,1 mg Cloreto de Sódio 9.0 mg Sorine Infantil - Indicações Como antisséptico e descongestionante nasal de uso tópico.  O cloreto de sódio e o cloreto de benzalcônio nas concentrações em que estão presentes na formulação de SORINE de uso pediátrico, não interferem no movimento ciliar da mucosa nasal. Esta propriedade é muito significativa, uma vez que os cílios da mucosa nasal estão relacionados com os mecanismos de proteção das fossas nasais, eliminando secreções e impurezas que possam vir a se depositar na mucosa nasal e assim, evitar um quadro de obstrução. SORINE de uso pediátrico pode ser usado como fluidificante das secreções nasais em casos de resfriados, rinites e de quaisquer outras condições associadas ao ressecamento da mucosa nasal, como nos ambientes fechados (por ex.: salas de aula), baixa umidade do ar e poluição. SORINE de uso pediátrico não contém substâncias vasoconstritoras, portanto não há risco de reações adversas como taquicardia, tremores, etc.





Poema


Obra em verso em que há poesia. É uma obra literária geralmente apresentada em versos e estrofes.


Ai de quem ama

Quanta tristezaHá nesta vidaSó incertezaSó despedida

Amar é tristeO que é que existe?O amor

Ama, cantaSofre tantaTanta saudadeDo seu carinhoQuanta saudade

Amar sozinhoAi de quem amaVive dizendoAdeus, adeus

                                                                                      Vinícius de Moraes



Poesia: caráter do que emociona, toca a sensibilidade. Sugerir emoções por meio de uma linguagem.

Amar
Fechei os olhos para não te vere a minha boca para não dizer...E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,e da minha boca fechada nasceram sussurrose palavras mudas que te dediquei...
O amor é quando a gente mora um no outro.
                                                                                           Mário Quintana


Alguns exemplos de Tipos Textuais 

Narração:  É um tipo de texto no qual é contado uma história, através de um narrador, que pode ser personagem, observador ou onisciente. Os fatos são vividos por personagens em determinado lugar e tempo.

Exemplo: O Coveiro
Millôr Fernandes 

Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão - coveiro - era cavar. Mas, de repente, na distração do ofício que amava, percebeu que cavara demais.Tentou sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que sozinho não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouviu um som humano, embora o cemitério estivesse cheio de pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite é que vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que havia: O que é que há?O coveiro então gritou, desesperado: Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível! Mas, coitado! - condoeu-se o bêbado - Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre mortinho! E, pegando a pá, encheu-a e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.




Texto descritivo: O texto descritivo por excelência consiste em uma percepção sensorialrepresentada pelos cinco sentidos (visão, tato, paladar, olfato e audição) no intuito de relatar as impressões capturadas com base em uma pessoa, objeto, animal, lugar ou mesmo um determinado acontecimento do cotidiano. A descrição pode ser retratada apoiando-se sob dois pontos de vista: o objetivo e o subjetivo.
Exemplo:
  O Jantar do Bispo
A casa era grande, branca e antiga. Em sua frente havia um pátio quadrado. À direita havia um laranjal onde noite e dia corria uma fonte. À esquerda era o jardim de buxo, úmido e sombrio, com suas camélias e seus bancos de azulejo.A meio da fachada que dava para o pátio havia uma escada de granito coberta de musgo. Em frente dessa escada, do outro lado do pátio, ficava o grande portão que dava para a estrada.A parte de trás da casa era virada ao poente e das suas janelas debruçadas sobre pomares e campos via-se o rio que atravessa  a várzea verde e viam-se ao longe os montes azulados cujos cimos em certas tardes ficavam roxos.Nas vertentes cavadas em socalco crescia a vinha.À direita, entre a várzea e os montes, crescia a mata, a mata carregada de murmúrios e perfumes e que os Outonos tornavam doirada. 


                                            Sophia de Mello Breyner Andresen.